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Sou Taxista, devo me preocupar com o Coronavírus?

Taxistas necessitam usar máscaras? Ligar o ar-condicionado pode ser perigoso? Medidas simples de higiene ajudam na prevenção contra o contágio.

— A chinesa acenou para  o táxi e disse que queria ir ao hospital. Durante a corrida, ficaram presos no trânsito, porque é o que costuma acontecer em Bangcoc.

Para passar o tempo, a mulher pegou o telefone e, inclinando-se para a frente, apontou alguns locais turísticos que poderia querer visitar. Nesse momento ela espirrou, com os perdigotos banhando o rosto do taxista.

— Eu pensei: ela é bonita, mas não tem boas maneiras — disse Thongsuk Thongrat, motorista de táxi.

Cerca de uma semana depois, Thongsuk, de 50 anos, testou positivo para o coronavírus que se espalhou pelo mundo a partir da China e infectou pelo menos 41 pessoas na Tailândia.

Seu diagnóstico positivo destaca os riscos para taxistas e outras pessoas que freqüentemente entram em contato com visitantes estrangeiros, mesmo que a redução nas viagens globais tenha prejudicado as economias dependentes do turismo.

Trabalhar por horas em um espaço fechado e lidar diretamente com um público rotativo que frequenta locais diversos como aeroportos e rodoviárias, taxistas precisam redobrar a atenção.

Tire as principais dúvidas sobre a doença e divulgue essas informações para acabar com as ondas de boatos e fake news:

Sou taxista, estou exposto a contrair o coronavírus?

O Ministério da Saúde divulgou neste domingo (15) novo balanço dos casos confirmados de novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil: são 200 casos. Além disso, o balanço tem os seguintes destaques:

  • 200 casos confirmados, eram 121 no sábado
  • 1.913 suspeitos
  • 1.486 casos descartados

No relatório, São Paulo é o estado com o maior número de casos confirmados, com 136. Isso representa 68% de todos os casos no país. O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais casos, com 24.

Assim como em uma gripe comum, a transmissão mais comum da enfermidade ocorre por meio de tosse ou de espirros, quando partículas contaminadas entram em contato com outro organismo.

Abraços, beijos e até apertos de mão também podem propagar a doença, assim como manter uma conversa muito próxima com outra pessoa. Manusear objetos ou superfícies contaminadas também podem causar a transmissão, embora isso seja bem mais difícil de acontecer em relação ao contato direto com um paciente que carrega o vírus.

Fazer corridas para o aeroporto ou rodoviária é perigoso?
Não adianta querer selecionar o passageiro ou preterir corridas para locais específicos, como aeroportos e hospitais. Obviamente, as chances de entrar em contato com o vírus são maiores quando se frequenta locais onde há probabilidade maior do coronavírus estar presente (como no caso de um saguão de desembarque de um terminal internacional do aeroporto).

Mesmo assim, é praticamente impossível prever onde o vírus causador da doença se manifestará: pessoas aparentemente saudáveis podem estar infectadas, já que o período de incubação do Covid-19 varia de um a 14 dias, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que fazer para me manter protegido?
A higiene básica é essencial para a prevenção da transmissão do coronavírus, assim como em outras enfermidades causadas por agentes infecciosos que se propagam pelo ar.

Essencialmente, é necessário lavar as mãos com água e sabão (ou álcool 70%) durante diferentes períodos do dia, o que diminui as chances do vírus prosperar após contato com uma superfície contaminada ou com um paciente infectado.

Preciso limpar meu carro todo dia?
Para quem trabalha com o carro, é importante limpar os locais que são tocados com frequência, inclusive no banco traseiro. O uso de um pano embebido em álcool 70% é suficiente para matar o vírus, que possui uma espécie de capa de proteção facilmente destruída no contato com agentes de limpeza.

Durante uma corrida, evite manter contato próximo com o passageiro ao falar e cubra a boca e o nariz na hora de tossir ou espirrar. Lenços descartáveis podem ser oferecidos a quem está no banco de trás, desde que sejam devidamente descartados posteriormente.

Usar uma máscara ajuda?
Especialistas em saúde pública afirmam que adquirir uma máscara só é recomendável a quem está infectado com o vírus ou que mantém um contato próximo com o paciente.

Utilizar a máscara no carro ou na rua não diminuirá suas chances de entrar em contato com o Covid-19. Evidências científicas indicam que partículas virais podem penetrar a máscara, além de que os agentes infecciosos podem entrar em contato não apenas pelas vias respiratórias.

Sem cumprimentos e apertos de mãos?

A orientação para passageiros e taxistas é a de evitarem contatos físicos, como cumprimentos. Temos uma cultura que é do aperto de mão, do abraço e do beijo. Neste momento é importante evitar esse contato próximo.

Devo deixar o ar-condicionado desligado?
Ambientes fechados são mais propícios para a circulação de agentes infecciosos como os vírus. É recomendável, portanto, manter a ventilação com os vidros abertos ou mesmo com o ar-condicionado (o modo de recirculação, ativado no botão com uma setinha giratória, não é recomendado neste caso). Deve-se lembrar, entretanto, de deixar o ar externo circular periodicamente.

Algo importante de ser observado é a manutenção do ar-condicionado: os filtros acumulam sujeira e, se não forem devidamente higienizados periodicamente, são locais favoráveis para o desenvolvimento de vírus, fungos e bactérias.

Estou com sintomas do coronavírus, e agora?
Ao realizar um levantamento dos pacientes que contraíram a doença, as autoridades médicas constataram que os sintomas são variados, mas similares ao de uma gripe comum na maioria das condições: tosse, inflamação na garganta, febre acima de 37ºC e dores no corpo. Em casos mais graves, o paciente pode sofrer dificuldade respiratória aguda e insuficiência renal. 

Como não é possível realizar um diagnóstico caseiro, os médicos indicam que é necessário ir ao pronto-socorro na persistência dos sintomas ou quando se há conhecimento de que houve contato com um possível infectado pelo coronavírus.

Assim como acontece em uma gripe, tomar vitaminas ou antibióticos não ajudará a combater a infecção viral. No momento, não há uma vacina ou medicamento disponível.

Essa é uma doença grave?
Como em toda nova enfermidade que se manifesta de maneira global, é necessária atenção e monitoramento dos casos. Mas vale ressaltar que o índice de mortalidade é considerado baixo, de cerca de 3,4%.

Idosos e pacientes com enfermidades crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, correm mais risco ao entrar em contato com o coronavírus, já que estão com o sistema imune mais fragilizado.

Ou seja: não há motivo para alarmismo. Especialistas consultados pela Autoesporte e autoridades de saúde em todo o planeta afirmam que cuidados básicos de higiene ajudam na prevenção da enfermidade.

E apesar de ainda não existir um remédio ou vacina disponível para combater o Covid-19, a recuperação do paciente é similar à de uma gripe comum. A letalidade, de 3,4% dos casos, está bem abaixo de doenças causadas pela família de vírus do coronavírus, como é o caso da Sars (síndrome respiratória aguda grave, com índice de mortes de cerca de 38%) ou da Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio, que vitima cerca de 51% dos pacientes).